Digital, Entrevista

Arte Visual com Piero Fioretti

Project details

Artista

Peter Fioretti, d’strict, Refik Anadol

Anos

2019-2020

Category

Digital, Entrevista

Tão subjetivas quanto arte só mesmo as suas formas de expressão. O processo de catalogar uma nova forma de arte não é inequívoco, mas há algo que o desperta como sendo grandiosamente legítimo.

Piero Fioretti é um artista italiano de FX (efeitos especiais) que confessou à SURREAL ter desde sempre uma paixão por robots, razão que o levou a seguir engenharia mecânica. Mais tarde, apercebeu-se da possibilidade de poder ter os seus próprios projetos, começando por trabalhar na sua app durante três anos e meio e, posteriormente, optar por fazer um mestrado em Computer Graphics, onde se revelou um prodígio e de onde seguiu para o mercado de trabalho de forma quase imediata. Agora, Piero trabalha como artista por todo o mundo e foi o seu Showreel, com soundtrack de N/O/E/W/A Creative Music (Levente Dudas) – soundsculpor – que potencializou a nossa entrevista.

Showreel 2020 – FX Artist Piero Fioretti from Piero Fioretti on Vimeo.

A entrevista continuou para a discussão do peso da arte digital no marketing, na estimulação visual do recetor e na potencial superação das formas de arte já conhecidas e inquestionáveis. São inimagináveis as formas de como esta arte é capaz de moldar o sistema publicitário como o conhecemos, tendo campanhas que tentam não só exceder-se, como também ultrapassar a competição direta. Para tal, surgem empresas de design como a sul coreana d’strict (cujo projeto “Wave” faz capa deste artigo) que se dedicam a cenários públicos, inteligência artificial, reprodução de vídeo em outdoors digitais de grandes proporções: panorama perfeito para irreverentes campanhas publicitárias. Este “casamento” entre publicidade e arte não incomoda Piero, que considera que a existência de um processo criativo deve ser reconhecida, independentemente da motivação (neste caso lucros e vendas). 

 

Com todas as atuais vertentes é impensável não referir o avanço tecnológico como principal impulsionador para a evolução desta frente artística. Quando questionado sobre este facto, Piero não descarta a possibilidade de, no futuro, as restantes formas de arte caírem em “desuso” (mas nunca eliminadas), especialmente com a implementação de “real time technology” que permite reduzir substancialmente o tempo dedicado a pós produção, levando a uma maior exploração da mesma. Vivemos numa era em que a evolução tecnológica toma proporções quase incontornáveis e em que quantidade de ferramentas digitais à disposição dos artistas aumenta gradualmente, originando a existência de cada vez mais ramificações neste setor e novas experiências para o público. Refik Anadol é um artista digital turco que se dedica a dar forma a dados informáticos – data sculpturing – através de algoritmos e machine learning. Como sabemos, estes dados informáticos não passam de números na sua essência e o que Anadol tenta fazer é dar-lhes corpo. Reproduzindo este processo individual a uma larga escala, obteremos obras como Melting Memories e Machine Hallucinations em que é o próprio computador a modificar em tempo real (vídeo) a base de dados que o artista lhe desenhou e atribui, base de dados essa que segue sempre o propósito da obra.

 

 

Melting Memories – a base de dados é fruto dos resultados de um estudo neurológico acerca das memórias e do desaparecimento do tecido cerebral das mesmas

 

Machine Hallucinations – a base de dados consiste em cerca de 113 milhões de fotografias da cidade de Nova Iorque (depois de removidas as figuras humanas) 

Machine Hallucinations numa outra fase de apresentação. Cada pixel representa um dado inserido

 

Grazie a Piero per la disponibilità e cordialità, è stato un piacere! https://www.instagram.com/potionseller.fx/

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